Hospital de Bonecas

O prédio onde se encontra o Hospital de Bonecas, desde 1830, sempre foi casa da família e o ofício tem passado de geração em geração.

Desde 1830 que o Hospital de Bonecas faz cirurgias em bonecas. É a mais antiga instalação conhecida de seu tipo, onde costureiras e artífices corrigem os membros quebrados e costuram roupas rasgadas em bonecas de crianças e em arte sacra. A atual proprietária, Manuela Cutileiro, era educadora de infância e assumiu o Hospital dos seus pais quando se aposentou. O prédio onde se encontra o Hospital de Bonecas sempre foi casa da família e o ofício tem passado de geração em geração. O espaço começa por ser uma ervanária, atividade que se mantém ainda hoje. Na Praça da Figueira, em meados do século XVIII, ainda antes do mercado de ferro da Praça da Figueira ser construído, naquele mesmo lugar, havia uma senhora que vendia no mercado ao ar livre e que fazia pequenas bonecas de trapo; as pessoas que a viam fazer aquele trabalho começam a pedir-lhe para arranjar as suas bonecas. Na altura não havia grande quantidade de bonecas, era apenas uma pequena elite que tinha possibilidades económicas para as ter; as outras eram feitas em pano ou com materiais mais pobres em contraste com as de porcelana. E é assim que tudo começa.

Manuela Cutileiro e seus antepassados foram construindo uma das maiores coleções permanentes do mundo, com centenas de milhares de bonecas.

Hoje as visitas ao museu são constantes, sobretudo por turistas e por escolas. Além de todas as bonecas que são consertadas e enviadas para casa, Manuela Cutileiro e seus antepassados foram construindo uma das maiores coleções permanentes do mundo, com centenas de milhares de bonecas: das bonecas de celulóide alemã, do século XIX, à edição de colecionadores das Barbies, a algumas das mais antigas bonecas multirraciais conhecidas das colónias africanas de Portugal. Manuela Cutileiro não sabe quanto vale a coleção, e não vê importância em descobrir. Aqui se têm executado igualmente alguns trabalhos em arte sacra, no restauro de porcelanas e no trajar dos santos em todo o país. Mas Manuela Cutileiro desconhece qual é a boneca mais valiosa de que cuidaram, pois não se sabe qual foi a que deu mais prazer à sua dona: é esse conceito que querem que permaneça.

A Praça da Figueira é o sítio onde sempre estiveram e onde pretendem continuar.

No Hospital, todos os pacientes são valiosos e tratados igualmente. Os clientes vêm de todo o mundo. Desde particulares a instituições como colecionadores e museus. As inúmeras reportagens feitas sobre o Hospital de Bonecas, que têm sido difundidas internacionalmente têm dado um retorno bastante bom. A Praça da Figueira é o sítio onde sempre estiveram e onde pretendem continuar.