A política do ateliê é procurar que cada livro seja um objeto único e distinto, mudando, em cada edição, o formato, a letra e o papel.
O Homem do Saco é um ateliê de tipografia e edições de que fazem parte Eduardo Brito, Luís Henriques, Luís França, Joana Gama, Juan Yusta, Manuel Diogo, Mariana Pinto dos Santos, Miguel Pereira, Ricardo Castro e Rui Miguel Ribeiro. O seu surgimento data de 2013, como uma associação sem fins lucrativos, partindo de uma partilha de interesses desse conjunto de pessoas oriundas de várias áreas — da História de Arte à Farmácia, da Sociologia à Economia —, que se juntaram por uma afinidade editorial: o desejo de criar pequenas edições: edições em offset, capas de livros, capas de revistas, ilustrações, etc. Deste modo, o ateliê dedica-se a edições de algumas dezenas de exemplares em tipografia de carateres móveis, recorrendo também a impressões digitais ou, em offset, em edições de tiragens maiores e não excluindo a mistura de várias técnicas de impressão. Por outro lado, tem-se dedicado à recolha, em todo o país, de material que vai ser abandonado ou fundido, como tipos de chumbo, móveis de cavalete, etc. A política do ateliê é procurar que cada livro seja um objeto único e distinto, mudando, em cada edição, o formato, a letra e o papel. Nas edições mais artesanais, em plaquetes de 30 a 50 exemplares servem-se de um pequeno aforismo, de um poema ou de um texto curto com uma ilustração, como tema para esses livros cosidos à mão, sempre diferentes entre si, sempre originais.
A abordagem do ateliê é transversal: explora-se uma interpretação livre dos métodos e dos limites do ofício.
De entre os trabalhos realizados podem destacar-se: um cartaz para o Dia Mundial da Poesia de 2017 no CCB – Centro Cultural de Belém, baseado na Antologia do Cadáver Esquisito do Mário Cesariny, impresso em papel artesanal, com serigrafia e tipografia; uma série de cartazes realizados sobre o filme As Bodas de Deus, de João César Monteiro, ilustrativos da relação com Deus e com a religião; um livro-objeto, Album primo-avrilesque, monografia do escritor, humorista e artista plástico francês Alphonse Allais, constituído por uma série de quadros monocromáticos cujas legendas dizem respeito a situações caricatas relativas à cor. Neste ateliê fazem-se também convites de casamento, cartões pessoais e capas de livros, assumindo sempre que se deve praticar uma lógica de custo justo nos trabalhos.
O ateliê, não trabalha numa perspetiva exclusivamente comercial, mas recebe encomendas por parte de artistas, realizadores, artistas e associações culturais. Aqui, a tipografia não se confunde com um ofício saudosista: uma letra pertence ao alfabeto, mas também pode ser um signo ou uma ferramenta de impressão. A abordagem do ateliê é transversal: explora-se uma interpretação livre dos métodos e dos limites do ofício.
Para os membros do O Homem do Saco, é importante estar no centro da cidade: é aí que vivem.